Fevereiro 26, 2016
Fernando Zocca
Queremos crer que a função do vereador é muito mais nobre do que a de buscador de buracos nos muros e ruas da cidade.
Se o bom estado do asfalto e das paredes das edificações públicas também merece a atenção dos responsáveis não é menos verídico de que essa função poderia ser exercida com maior exatidão e por salários compatíveis, pelos fiscais da prefeitura.
O que na verdade muito se espera de um vereador é que ele contraponha os desmandos que por ventura venha o poder executivo lançar sobre o povo.
Desta forma quando, por orientação e coerência partidária, o vereador vota ou deixa de votar projetos do prefeito que sobrecarregam o eleitor, ele - o legislador - está dizendo “é mais importante fazer o que me mandam, do que votar contra as determinações do meu partido que contrariariam interesses populares”.
Então não é raro assistirmos a elevação ao cargo de legislador os cidadãos cujas tendências sejam mais as de seguir do que de serem seguidos.
E um dos resultados pode ser exatamente este que acontece agora em Piracicaba: nestes momentos de dificuldades econômicas o Serviço Municipal de Água e Esgoto (SEMAE) por meio do seu presidente (que também é o presidente do PSDB municipal), exacerba os preços cobrados pela água, sem que os vereadores possam fazer qualquer oposição.
Pedidos de abertura de investigação da situação da autarquia são sumariamente desaprovados com base nos votos dos vereadores do PSDB.
Se para o vereador da situação é mais importante a satisfação, a calmaria partidária, do que o aplauso do eleitorado, a desaprovação popular pode impedi-lo de se reeleger.
É claro: qual eleitor votaria no sujeito que não se importa se as contas de água aumentaram mais de cem por cento sem motivos lógicos, plausíveis, para isso?
Um dos vários problemas da reeleição continuada é exatamente este: achar correto o que, para a maioria, não é.
Chegamos a um tempo em que são necessárias algumas mudanças em nossa legislação maior tais como a instituição do voto voluntário e do plebiscito sobre a participação ou não de candidatos contumazes aos cargos eletivos.