Junho 25, 2016
Fernando Zocca
O mandonismo não raro, em muitos lugares, é exercido com o abuso do poder econômico e político.
O sujeito, geralmente chega pobre, às vezes miserável, aos cargos eletivos, e depois de alguns anos, acrescido de muito dinheiro, obtido desonestamente, busca influenciar aos que não têm as mesmas opiniões.
A influência mandonista não deixa de passar pelo uso das crenças religiosas, seduções, imprensa e outros meios de comunicação.
A opinião pública negativa sobre alguns fatos ou alguém é antes mais usada do que a destruição física do adverso. Entretanto isso não significa que essa atitude extremada não deixe de se fazer sentir.
Perceba que estão em jogo milhões e milhões em valores monetários, cargos, regalias, privilégios, sinecuras, muitos prazeres e satisfações.
Os motivadores da busca, obtenção, e manutenção dos cargos públicos eletivos são tão fortes que, uma vez lá alçadas, as pessoas dedicariam mais tempo às atividades que lhes assegurassem as posições conseguidas do que propriamente procurassem resolver os problemas comuns da cidade, do estado ou do país.
Na luta entre concorrentes ao cargo eletivo o abuso econômico pode usar das humilhações públicas, ou veladas, contra os tais adversos considerados mais capazes.
Perceba que a obtenção da opinião generalizada contra alguém muita vez vale-se do uso de muito dinheiro alheio, dos cofres das prefeituras, câmaras municipais, governos estaduais, assembléias legislativas, estaduais e federais, conseguido de forma ilícita.
Neste sentido o que os sociólogos chamam de “controle social difuso”, agiria não contra os que realmente lesam a pátria, mas contra os adversários dispostos a, no mínimo, estancar a depleção das riquezas do todo.
O Estado não seria tão ou mais importante do que o cidadão. Entretanto os crimes contra as instituições não se justificariam por isso. Ou seja, não é porque o ser humano teria mais importância do que o Estado em si que os crimes contra as instituições seriam justificáveis.
Os crimes contra a administração pública devem ser investigados e os culpados punidos na forma da lei. É claro que a opinião pública precisa ter a consciência de quem sejam os verdadeiros lesadores das empresas estatais e neste sentido agiria o controle social difuso.
Se existe vereador que se diz ser que nem burro, ou seja, não saber a força que tem, não deixaria de haver os que acreditam terem os mares subida.
E na justificativa da tal tese ninguém estranharia quando as afirmações dessem conta de que por ser o globo uma esfera, o cidadão ocupante dum navio ou avião que fosse do Brasil aos Estados Unidos teria que “subir”, do mesmo modo que os veículos automotores sobem uma ladeira.
E de confusão em confusão, mistura em mistura, não seria raro encontrar as sumidades que trançariam os signos zodiacais com os bichos do famoso jogo nascido em 1892, naquele tempo do início da República.
Se em alguns lugares a eleição aos caros públicos eletivos teria, antes de tudo, o sentido de expiação das culpas de alguns setores da sociedade, não se deveria estranhar que a maioria dos legisladores, mantivessem votações contrárias aos sentidos de justiça e economia populares.
O mandonismo pode ser tão evidente, injusto, opressivo e maligno em certas localidades que para manter as decisões políticas que melhor o definem seja necessário eleger aqueles que não teriam as mínimas condições para que, com suas opiniões, ideias próprias, pudessem alertar sobre as irregularidades que se cometem.
As irregularidades no Serviço Municipal de Águas e Esgoto de Piracicaba são um exemplo disso.
Ou seja, aplicaram-se valores subjetivos aos preços da água cobrados pela autarquia e, na câmara municipal, a bancada governista recusou-se terminantemente a expressar, por moções ou Comissões Parlamentares de Inquérito, o desagrado dos cidadãos.
Dima Rousseff foi afastada por um golpe legislativo que dentre outros motivos têm um básico e central: impedir as investigações da Polícia Federal que, perigosamente, se aproxima dos fatos escusos praticados pelos integrantes do PSDB.