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Ontem sete de novembro achei que já era chegada a hora de saber o que dissera Francisco Gomes da Silva, mais conhecido como Chalaça, sobre seu amigo Dom Pedro I.
Para tanto fui logo cedo para a biblioteca pública municipal em busca do “Memórias Oferecidas a Nação Brasileira”, livro em que o piadista, segundo alguns historiadores, colega de gandaia do primeiro imperador brasileiro, deixou tudo muito bem escrito.
Como a gente sabe que certos livros são muito raros e que, por causa disso, não constam dos acervos das bibliotecas, municiei-me de uma segunda alternativa e caso, não encontrasse as narrativas do parceirão de Pedro I, solicitaria “A História dos Cristãos Novos Portugueses” do Lúcio de Azevedo.
Em não havendo também essa oportunidade, quem sabe “O Porquê Me Ufano do Meu País” do Afonso Celso traria algum conforto nesses tempos terríveis de devassa tremenda.
Caminhando sob um sol escaldante cheguei a biblioteca e logo fui muito bem atendido por um jovem torcedor do Palmeiras. Atencioso o moço de posse da minha lista deu busca no seu computador e realmente das minhas três alternativas, constava somente a certeza de não havia ali, até aquele momento, nenhum dos livros por mim solicitados.
Bom, o que fazer então? Ler os jornais? Navegar pela Internet usando os computadores da biblioteca? Nesse momento uma vozinha, lá do fundo, bem do fundinho, me soprou:
- Pergunta se tem papéis trocados.
- E “Papéis Trocados”, do Waldemar Iglesias Fernandes, tem?
Então o jovem torcedor do porco, que vestia uma vistosa camisa alviverde, ágil feito um gato, digitou, usando seus dez dedos, o teclado negro e, suspirando, fazendo um suspense tremendo respondeu:
- Não.
Não sei se ele notou algum desânimo no meu semblante e se isso o teria levado a buscar algo mais sobre o Waldemar, mas sei que digitando enérgica e novamente o teclado ele noticiou:
- Tem alguma coisa aqui do Waldemar... Deixa eu ver... É uma coletânea. Não é um livro só dele; participa junto com outros autores. Pode ser esse? – inquiriu apontando algo na tela - Vai levar?
Esticando o pescoço pra enxergar as letrinhas do texto apontado, eu pensei: “Por que levá-lo? Por que não levá-lo? Então eu decidi: levá-lo-ei.
- Sim – respondi ao moço atendente.
Ele então se levantou e foi, por entre as prateleiras, em busca do pedido. Alguns minutos depois ele voltou com a “Antologia Piracicabana” uma seleção de contos, crônicas e poesias feita e prefaciada por Benedicto Almeida Júnior da União Brasileira de Escritores. Era uma edição de 1960 da Editora Aloisi.
Em 1960 eu tinha nove anos de idade.
Em casa pude ler o conto “O Céu É Para Ele”, história do Waldemar Iglesias sobre Zezo um menino muito pobre que trabalhava numa padaria, cujo pai, maquinista da Central do Brasil, morrera acidentado perto de Rezende.
A dona Emília, (ah, dona Emília!), professora do menino, brigara com ele pelo abandono da escola no terceiro ano; o menino perdera também o emprego na padaria.
Depois de ser contratado como entregador de telegramas na Central do Brasil conseguiu ainda sobreviver até quando o tomou a tuberculose que o matou.
Que triste fim do Zezo!
Mas, falando em Waldemar Iglesias Fernandes (foto), a gente logo se recorda de muitos outros piracicabanos ilustres como o Dóia. Lembra dele? Seu nome era João José Penezzi, era vice-diretor da escola Estadual Otoniel Junqueira, situada no centro de Preruíbe, filho da ex-vereadora Ditinha Penezzi.
Ditinha (Maria Benedita Pereira Penezzi), gestões 1956-1959, 1960-1963, ficou famosa por ser a primeira mulher negra, de origem muito humilde, a ser eleita para o cargo de vereança.
Dessa gestão 1956-1959 também participou um irmão do meu tio Carlos Adâmoli. Seu nome era Emílio Reinaldo Adâmoli que além de vereador foi industrial e presidente da Guarda Municipal de Piracicaba.
Da Antologia Piracicabana, 1960, Editora Aloisi, meu mui querido amigo João Chiarini também participa com o texto “Contente da Vida”.