Março 26, 2018
Fernando Zocca
Andar de moto tem muitas vantagens, é muito prazeroso. Apesar dos riscos que a chamada, pelos juristas, “direção perigosa”, submete os seus condutores, não haveria tanta complicação. Sobressai, entre os proveitos do uso da motocicleta, a economia de combustível.
De fato, com pouco dinheiro você roda por muito e muito tempo por vários e vários lugares.
Mas chega o momento em que você tem de abastecer. E hoje, depois de ter corrido pedestrianisticamente meus cinco quilômetros diários, no Parque do Piracicamirim, fui ao posto de gasolina.
Parei a moto perto da bomba, desliguei-a, acionei o “pezinho”, abri a tampa do combustível e desci. O frentista preparava-se para atender ao meu pedido quando chegou esbaforido outro motociclista.
Sem esperar que o frentista me atendesse o motoqueiro agitado foi logo dizendo em altos brados:
- Põe pra mim um macaco. E rápido que estou com pressa.
As pessoas que estavam no arredor entreolharam-se com a fisionomia de quem não entendia nada.
- É sim. Rapidinho põe vintão mano, um mico, rápido! – concluiu o arisco desligando o motor e abrindo a tampa do tanque.
Neste ínterim o frentista já tendo atendido ao meu pedido, dirigiu a mangueira ao tanque do moço. Então o motoqueiro agitado, tirando o capacete falou claramente:
- O sujeito passa a vida inteira xingando os outros de louco, mas quando alguém o chama de macaco, ele vai pra delegacia pedir inquérito por racismo.
O assunto incomodou o pessoal que estava na redondeza. Eu tranquilamente, saquei meu dinheiro do bolso, paguei minha conta, fechei a tampa do tanque, direcionei o “pezinho”, dei a partida, tchauzinho e bênçãos.
Uma vez que macaco não pode ser cobra e nem sapo minhoca, com certeza, as pessoas têm consigo que macaco é, na verdade, macaco mesmo.