Junho 24, 2021
Fernando Zocca
Eu sou chique, bem! – exclamou Marina Baldwin ao pegar a cópia dos estatutos da sua recém-criada A. A. M. T. (Associação das Atropeladoras de Motociclistas de Tupinambicas das Linhas).
- Sim, mas vai devagar preclara pessoa. Eu falei que a senhora precisava ter mais paciência. Não adianta se irritar com a demora decorrente da burocracia – respondeu John Charles Carcanhádigrilis o advogadão que acompanhara os trâmites da papelada no cartório de registro.
- Ai que chique. Agora vou reunir todas as mocréias embarangadas ou não, responsáveis pelo atropelamento dos motociclistas nesta cidade – exultou Marina.
- Antes que a senhora instale uma sede própria, contrate funcionárias e anuncie ao povo a constituição desta nova entidade pública de direito privado, cuja finalidade é proporcionar apoio mútuo entre as desmioladas, insanas e demenciadas motoristas lesadoras das pessoas condutoras de motocicletas, passe-me para cá os honorários combinados antes do início dos trabalhos, minha querida senhora.
- Vou pagar com cartão. O senhor tem a maquininha?
- É débito ou crédito, ilustre cliente desde os tempos em que os famosos Roberto e Erasmo Carlos eram meninotes a correr pelas ruas de Cachoeiro de Itapemirim?
- É crédito seu doutor advogado, faz o favor – Marina estava feliz, alegre ante a perspectiva de poder papear com as meliantes praticantes dos mesmos crimes, até dar câimbras na língua, sobre as lesões e consequências, médicas, civis e criminais dos deslizes praticados no trânsito louco da cidade.
Carcanhádigrilis sacou do bolso do paletó uma “minizinha” oferecendo a fenda para que Marina introduzisse o seu cartão.
- Vai devagar com esse trem aí dona. Não vá me arrombar o instrumento.
- Ai, seu doutor, eu sou delicadíssima. Veja como eu ponho, enfio, coloco... E então quebrou alguma coisa?
- Sem mais teretete ou tititi minha senhora; faça o favor de digitar a senha.
- Mas é isso mesmo, senhor doutor? Cinco salários mínimos pra esse servicinho que até um guardinha-mirim pode fazer? – perguntou Marina com o rosto vermelho feito um rubi.
- O que é combinado não é caro, minha senhora – defendeu o seu “cascalho” o advogadão mais barrigudo que sapo atormentado pela giardíase.
Efetuada a transação, Marina depois de chamar um motoboy pelo celular, engarupar no veículo e ordenar ao pobre trabalhador que fosse ao destino indicado, acenou tchauzinhos e assoprando beijinhos ao profissional aplicador do direito gritou para todos da rua ouvissem:
- Eu sou rica! Sou presidente da Associação das Atropeladoras de Motociclistas de Tupinambicas das Linhas.
Defronte ao cartório, uma aglomeração de pessoas, contrariando as orientações de combate ao Corona Vírus, assistia a comédia.
- É seu Zé Laburka, dona Dani Arruela, Luísa Fernanda, seu Célio Justinho e Donizete Pimenta: a situação é essa mesma. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Se não tiver sensatez esses doidos “tratoram” os ingênuos sem dó nem piedade – falou o vereador Laércio Bivisan quando passava ao lado da aglomeração com um Poodle debaixo do sovaco esquerdo.
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