Setembro 12, 2021
Fernando Zocca
O edifício Terencio Galesi (foto), situado à Rua Prudente de Morais, 642/646, no princípio foi usado como armazém. Era atividade econômica muito comum, antes do advento dos supermercados.
Esse tipo de comércio tinha como semelhantes muitos outros, tanto na região central como nos bairros mais afastados da urbe.
Um desses estabelecimentos que marcou a infância de muita gente, hoje na terceira idade (quase todos gagá, por sinal), situava-se à Rua Governador Pedro de Toledo, esquina com a Ipiranga. Era o Armazém do Mário Moral.
Nesse imóvel antes funcionou um açougue, mas com a morte do titular, o prédio foi alugado e instalou-se um armazém, como o havido no edifício Terencio Galesi.
Logo depois que o armazém deixou de funcionar lá na Prudente de Morais, naquele edifício, instalou-se o jornal O Diário que era propriedade do senhor Cecílio Elias Neto.
Alguns dos herdeiros donos do prédio onde funcionou o Armazém do Sr. Mario Moral eram os De Lello, dentre eles o meu primo, hoje falecido, Arthemio De Lello que foi radialista na Rádio Difusora PRD6 e comerciante. Ele vendia queijos, salsichas, salames e mortadelas nas feiras livres, indo de uma a outra transportando toda sua mercadoria numa Kombi.
Tanto os De Lello quando os Elias tinham ascendentes comuns; então quem dissesse que Cecílio Elias Netto e Arthemio De Lello eram meio aparentados, primos distantes, não podia estar muito equivocado.
Dizem as más línguas, os beiços pequenos que, até hoje, depois de tanto tempo da falência de O Diário, ainda existem ex-funcionários com créditos trabalhistas a receber. Em sentido contrário afirmam outros que esses ex-trabalhadores, estando nas condições semelhantes às dos credores do governo federal que lhes deve as contas dos precatórios, não receberão nunca. Never more.
Bom, pra resumir a novela, a exemplo do acontecido entre palestinos e judeus em 1948, (quando sob a tutela dos Estados Unidos e da ONU), Israel instalou-se no território palestino, meu pai, em 1954 (eu tinha 03 anos de idade), acomodou-se num dos imóveis que, juntamente com aquele em que fora açougue, passando depois a Armazém, fazia parte dos bens deixados pelo antigo proprietário.
Os descontentamentos e as frustrações entre os demais herdeiros, que também tinham direitos sobre as propriedades deixadas por meu avô, não foram muito diferentes dos sentidos pelos descendentes dos palestinos que viveram a ocupação de 1948 pelos israelenses.
E tome quizila, pendenga, diz-que-diz, ciladas, embustes e o escambau objetivando descontar nos filhos, menores de idade, do “judeu” invasor as frustrações que os daninhos não conseguiam dissolver ou sublimar por seus próprios méritos.
Com infância e adolescência completamente turbadas pelas interferências, muitas daquelas crianças se adultizaram iguais aos canarinhos nascidos e criados nas gaiolas que, diante da portinhola aberta da prisão, não sabem o que fazer.
Hoje em dia o Edifício Terencio Galesi pertence ao empresário Nelson Carrano Torres que ocupa também a área toda onde antes era o Clube de Regatas de Piracicaba, na esquina da Rua Morais Barros com a Avenida Beira Rio.
Dos estatutos do Clube de Regatas de Piracicaba constava que os seus imóveis pertenciam aos sócios sendo, desta forma inalienáveis. Mas, porém, entretanto, uma presidência dribladora conseguiu transformar o que era de propriedade coletiva em simples imóvel do tal empreendedor de sucesso.