Outubro 03, 2016
Fernando Zocca
Educação, meu amigo, se não é tudo, ajuda muito na convivência. A educação norteia as pessoas. Ela ensina que devemos respeitar os mais velhos, os vizinhos, sermos gentis e não jogarmos nada, nem mesmo pedras nos quintais alheios.
Faz parte da educação segurar o cachorrinho, pelas manhãs, impedindo-o de avançar nos transeuntes. Existem cães dóceis, mas também os doidos, os demoníacos, que, se se assemelhassem aos seus donos, dar-nos-iam a ideia de como seria o goiabão enrustido por trás do agressor peludo.
Mas afinal, o que desejam essas criaturas? Alguém se proporia a lhes dar amor?
Eu já digo que não posso. Sou casado. E faz tempo.
Na manutenção da paz num quarteirão é necessário também o sujeito ser mais homem, menos macho.
Afinal, macho é o cachorro doido que ataca a qualquer um sem saber o que está fazendo. Homem não é o ser humano que ao ouvir uma reclamação do vizinho, incomodado pelo bater desnecessário do portão da sua casa, esbugalha os olhos, torna-se lívido, expele baba pela boca e ameaça agredir.
Isso não é homem. Isso é fera, e fera, meu amigo, carece de educação, da aprendizagem dos bons modos. Não se sabe ainda como fazer isso. O sujeito vem do berço bem ruinzinho e, em sendo macho, muito macho mesmo, quer espancar a quem se propõe a dizer que não bata com tanta força aquele seu maldito portão.
Numa cidade em que a educação não merece tanto respeito, numa cidade em que a segurança pública é ínfima, inoperante, disfuncional, não se pode esperar quase nada que não seja desaforo.
O nível de escolaridade da maioria dos cidadãos de alguns bairros periféricos comuns é tão baixo que os impede de distinguir entre o que seria sensato ou não. Alguns atribuem a essa dificuldade de adaptação as novas situações à herança genética ruim.
O camarada vem de núcleo familiar diverso, onde impera a agrafia, o alcoolismo, as doenças genéticas e ainda assim pretende determinar a forma correta de agir no quarteirão.
Conhece aquela história do Romário que no ônibus, antes da viagem, para a cidade onde enfrentaria o time adversário disse ao jogador novato no clube: - Que é isso, cara? Chegou agora e já quer sentar na janelinha?
Desta forma suporte então o som alto depois do horário determinado na lei, recolha as pedras e a merda que lançam-lhe no quintal, pense duas ou três vezes para dizer bom dia ao valentão que trafega a pé na rua, do alto daquela estatura de Golias.
Aguente a doidinha maledicente que faz de um lavar a bunda cagada, e o peito vomitado, como abuso sexual.
É difícil saber pra que serve um governo que prioriza a construção civil em detrimento do esclarecimento dos entrevados.