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O Prato do Dia

O Prato do Dia

Julho 18, 2016

Fernando Zocca

 

 

 

Para ser grande e eficiente é melhor crescer do que diminuir os outros. Esta é, sem dúvida, a fórmula ideal que poderia ser adotada por este governo que aí se estabeleceu de forma tão sem graça.

Esta situação política anômala pode até caçar o mandato da presidenta, eleita com milhões de votos, por preconceito, não gostar dela, nojo, capricho, ou qualquer coisa que o valha, mas não por crimes de ordem fiscal, apontados tão doidamente na petição inicial do impeachment.

Seria desnecessário dizer que não é emitindo papel-moeda, pintando papéis, ou restringindo direitos previdenciários, dos trabalhadores, que este governo usuário dos golpes legislativos, porá em dia o seu caixa.

Pagar as contas com emissão de moeda é, qualquer principiante no estudo da economia sabe disso, reforçar todos os males inflacionários.

Para ganhar dinheiro é preciso haver arrecadação, mais e mais cobrança de impostos, redução das despesas administrativas e menos auê do já ganhou.

Diante deste quadro econômico mundial pode até ganhar o prêmio Nobel de economia quem encontrar o jeito mais eficaz de engrossar o fluxo positivo de caixa dos governos federais.

Mas por que, em vez de caçar os salários-marajás da previdência, milhares de holerites, que durante todo o tempo útil de serviço não se reduziram com qualquer mísero centavo a um cofre comum, para a própria aposentadoria dos seus titulares, caça o tal governículo, os velhinhos e velhinhas miserabilizados, incapazes de se defender?

Por qual razão, a não ser por absoluta falta de coragem, o vil governo golpista não investe contra as aposentadorias milionárias das filhas dos ex-funcionários falecidos, mantidas sob pensão, por suposta dependência, incapacidade ou cursarem faculdade?

Há quem diga que a tal política funda-se, não em falta de coragem, mas sim, na ausência de noção.

Existe pensionista que, hoje praticamente avó, deixou, quando mocinha, de se casar no civil e religioso pra não perder as mamatas previdenciárias que a solteirice lhe proporcionava.

De fato, entre escolher a mancebia afortunada e o casamento formal, miserável, só quem fosse muito tola, besta mesmo, deixaria o amancebamento frutuoso.

Este governo que aí está não representa mais ninguém além dos próprios integrantes do tucanato frustrado, do PMDB impotentíssimo de chegar ao topo por méritos próprios e do empresariado caduco, ansioso, inapto a honrar seus compromissos, mesmo com as isenções fiscais que pode desfrutar.

Em 1931 Getúlio Vargas nomeou interventores nas capitais dos estados, “despediu” delegados de polícia, juízes de direito, promotores de justiça e desembargadores que expressavam simpatia pelo governo deposto Washington Luis.

O golpe militar fundava-se nas alegações de fraudes eleitorais. Hoje se alega, contra a presidenta, a prática de ações que não se enquadram nas tipificações criminosas.

A intolerância e a perspectiva da eternização do proletariado no poder causa medo, terror infundado, na classe empresarial.

Essa agitação toda, inquietude, frutos das percepções turbadas, entendimentos alucinatórios, beira à sandice causadora das ações intempestivas.

É interessante notar que desde a década de 1950 o Brasil labuta, no seu território, em busca do petróleo.

Nunca achou.

Quando, porém descobriu o pré-sal, o alvoroço foi semelhante ao dos ocorridos nas casas dos pobres que nunca comem o melado, e que quando o fazem, lambuzam-se todos.

Politico precisa de mais juízo. Até o presente momento a maioria dos ladrões eleitos desconhece a relação dos dinheiros que roubam com a miséria do povo eleitor.

A constituição da república carece de alguns reparos. Um deles, tenho dito com alguma frequencia nos meus artigos, refere-se à desobrigatoriedade do voto. Outro consiste na redução da possibilidade da reeleição.

O argumento de que um só mandato é insuficiente para o cumprimento dos planos de governo ou a eternização no exercício da legislatura (mandato não é profissão) podem ser substituídos pela noção de que o bem maior refere-se aos interesses do todo, da manutenção do estado, da cultura e da nação, ao invés da prevalência dos negócios particulares dos que se propõem a ser eleitos.

Pode ser que esses ideais não se confirmem ou que demorem alguns séculos para se tornarem realidade. Mas é inegável que para que aja uma grande caminhada é preciso antes dar o primeiro passo. 

 

 

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