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O Prato do Dia

O Prato do Dia

Março 30, 2021

Fernando Zocca

 

 

As pessoas não podem mais negar a importância do desenvolvimento dos produtos industriais, das invenções, das inovações tecnológicas, que são frutos da ciência, na vida moderna.

Então, veja bem, do conhecimento científico surge a tecnologia, que podemos definir como sendo a aplicação técnica das descobertas científicas na indústria e no comércio, modificando consequentemente, na maioria das vezes, para melhor, a vida humana.

Desta forma, quem pode negar os benefícios produzidos pelos meios de transporte modernos como os navios, trens, automóveis, e aviões?

Não haveria quem negasse a importância, a utilidade, os benefícios, os confortos trazidos à comunicação, ao comércio, à indústria, à prestação de serviços, desse tal computador, e da rede que os liga todos, sem que esse alguém seja considerado indiferente, fora do contexto, passível até de ser classificado como portador de mentalidade constante no rol das afecções psicóticas, existentes nos livros de psicopatologia e psiquiatria.

As formas de fazer, produzir música e seu deleite, modificaram sensivelmente desde os tempos que Davi fazia seus próprios instrumentos até os dias atuais, quando a música eletrônica assumiu o poder, estando na berlinda, principalmente nas festas dos finais de semana.

Por falar em festa lembro-me que, há muito tempo atrás, tive como vizinha uma república de estudantes.

Num dos finais de semana eu percebi, logo cedo, a movimentação pouco frequente da turma residente ali.

É que haveria uma festa de recepção aos calouros e calouras admitidas na faculdade, logo depois dos exames vestibulares.

Chegaram de forma ruidosa e ostensivamente, durante o decorrer da tarde, mesas e cadeiras portáteis de plástico, caixas e mais caixas de cerveja, rum, uísque, energéticos e, também de um jeito muito mais discreto, alguns pequenos tijolos compactos da Cannabis Sativa (segundo alguns vegetação fruto das experiências particulares e cultivo, duns veteranos durante os últimos anos do curso).

Com o cenário todo preparado pela presidência e diretoria da república, logo por volta das 20 horas, também conhecida como oito da noite, a multidão de estudantes começou a chegar.

A princípio formavam pequenas rodas, agrupamentos entre os que se conheciam, ou tinham algo em comum.

O som de potência respeitável, daquela capaz de vibrar as vidraças da vizinhança, fez o pessoal sentir que tinha que botar mais força no falar, sob pena de ter sua comunicação com o vizinho, prejudicada.

Luiza e Elvira chegaram juntas manipulando seus respectivos celulares. Pararam no umbral da porta da sala onde o pessoal consumia, cantava e dançava. Elas olharam-se resolvendo aprofundarem-se na diversão. Juntaram-se a Daniela e Carol que, curtindo o som da balada, chacoalhavam-se no centro do ambiente.  

No meio do auê principiou-se a sentir os odores da fumaça dos “baseados” que se multiplicavam entre os consumidores mais despreocupados com a saúde; foi quando então Elvira perguntou à Luiza:

- Neguinha, a festa vai até o dia raiar. Do jeito que estou vendo a situação, com esse consumo todo, ninguém sabe o que pode acontecer até amanhã cedo. Se você tiver que escolher entre perder, nesta noite, o celular ou o cabaço o que você escolheria?

- O cabaço, é claro.

Foi assim, meus amigos, minhas amigas e senhoras donas de casa que os festeiros, no dia seguinte, logo pela manhã, chegaram a suas casas com todos os pertences levados consigo para a festa.

Provaram ainda a relevância, a importância, para as pessoas dos tempos atuais, dessa tal invenção denominada telefone celular.

 

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Agosto 28, 2017

Fernando Zocca

 

 

 

Por falar em atropelamentos, calçadas, alcoolismo e mortes, a gente não deixa de lembrar uma tragédia ocorrida aqui na província, semelhante a estas que aconteceram nos dias atuais na Espanha, França e Inglaterra.

Era meado de 1960 quando na política mandavam os militares, na cultura a Jovem Guarda e, no coração dos adolescentes, é claro, as paixões.

As brincadeiras dançantes e os bailes carnavalescos aconteciam no Clube de Regatas, no Palmeirinhas, no Cristovão Colombo, no Coronel Barbosa, no Atlético Piracicabano e Clube de Campo.

Quem quisesse saborear deliciosos queijos e vinhos devia ir a certas bancas especializadas instaladas no mercado municipal.

Nos ginásios onde bons professores ministravam e alguns alunos aprendiam as matérias do segundo grau, os contatos com o sexo oposto aconteciam de forma bem diversa, excitante e divertida, dos usuais experienciados pela primeira vez nos lares.

A crença dominante entre os jovens era a de que somente conseguiria ter sucesso na conquista daquela garota desejadíssima quem tivesse um bom carro.

Entretanto quase ninguém dos apaixonados tinha idade suficiente para obter a habilitação; mas haveria alguma esperança a quem tivesse um pai ou tio proprietário de qualquer carro que fosse.

Se a moda era esperar a garota no portão do ginásio, logo depois do término das aulas, mais chique e revelador da importância social, seria esperá-la num belo e potentíssimo automóvel.

Mas, meu amigo, se o sujeito tinha o carro, mas não a namorada cumpria conseguir uma. E não haveria melhor forma de concretizar a tal façanha do que exibindo a si e ao seu lustroso veículo – mesmo que fosse furtado do pai - às prováveis e possíveis pretendentes, circulando em volta do quarteirão da escola, a muitos quilômetros por hora e... É claro, com os escapamentos abertos.

Pois foi assim que um promissor garoto, que amava os Beatles e os Roling Stones, embriagadíssimo de vinho, obtendo de forma subreptícia o carro do pai, ao exibir-se numa tarde, durante a saída dos alunos duma famosa e tradicional escola, da região central da cidade, perdendo o controle, invadiu a calçada, atropelou, aleijou e matou muitas jovens.

As cicatrizes persistem até hoje.  É uma realidade que ainda gera muitos lamentos, choros e murmurações tenebrosas.

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