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O Prato do Dia

O Prato do Dia

Outubro 23, 2021

Fernando Zocca

Perceba um fato irônico, se não, trágico provocado por esse nosso mito também conhecido como governo federal e sua equipe econômica: os ilustres tiveram a inusitada ideia de transformar todos os credores dos precatórios da administração federal em sócios investidores na campanha da reeleição da estimada lenda urbana.

Dessa forma querido leitor, se você teria algo a receber do governo de Brasília via judiciário saiba que se tornou investidor involuntário da campanha dessa lenda política brasileira.

Sim meu amigo, minha amiga e preclara senhora dona de casa: quando o executivo federal desvia os pagamentos dos credores dos precatórios, aplicando-os no “Auxílio Brasil” está provocando, no mínimo, um conflito entre classes e arregimentando simpatias para suas políticas populistas.

Imagine o alvoroço, o banzé-de-cuia, a felicidade e o aumento da predisposição para dizer o sim que o “quatrocentão” eliciará no pessoal carente, eleitor geralmente na dúvida, sobre a benignidade das políticas do comandante em chefe no plantão atual.

Existe uma CPI tentando punir os erros involuntários ou voluntários dessa direção politica contestadíssima em todo território nacional.

Se julgado improcedente, pela camara dos deputados e senado federal, o relatório feito pela CPI, o presidente da república poderá contar com a sorte que não tiveram João Goulart, Fernando Collor de Mello e Dilma Rousself.

Dentre os três acima citados Fernando Collor, depois da renuncia, foi eleito senador e viceja na política até os dias atuais. Dilma pode ser eleita, pois não teve seus direitos políticos cassados.  

Caberia competência ao judiciário, para, por meio de ação legal, proposta por representantes dos credores, fazer a mudança da direção desse assombro político?

A credibilidade do judiciário não está lá essas coisas, entretanto a lesividade e a ilegitimidade do ato presidencial instituidor dessa decisão é mais que notória.

Em outras palavras o executivo descobre uns santos para cobrir outros.  

Será que o descumprimento de decisão judicial não configuraria desobediência? Haveria ainda a necessidade da execução de fazer coisa certa, ou uma ação popular realimentaria a esperança dos prejudicados?

De que valeram tanto tempo de tramitação objetivando o recebimento dos direitos assegurados nas leis se, no momento da entrega da coisa, o dito cujo não acede, desviando para outras contas o dindim salvador?

Essa situação me faz lembrar um fato ocorrido há muitos e muitos anos passados: uma pessoa miserabilizada, perdida numa cidade imensa e desconhecida, ao receber, de um sujeito aparentemente honesto, os valores da passagem do transporte para a sua cidade de origem, creria que a recusa desse benfeitor, em receber de volta o dinheiro empregado, basearia suas atitudes posteriores na convicção de que em troca, desse seu gesto, obteria a até mesmo o poder de influenciar as decisões no âmbito do executivo federal?

Nessa linha de raciocínio: Se a ajuda a um indigente serviu para o alavancamento de uma candidatura a presidência da republica o que não faria o auxílio a milhares de pessoas necessitadas?

A reeleição é claro.

 

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Maio 31, 2021

Fernando Zocca

 

 

guias de cães.jpg

 

- Aqui é o seguinte: quando nas reuniões, querem falar de você, na sua presença, sem que você nem imagine o que esteja acontecendo, eles trocam os pronomes pessoais, ou seja, no lugar de “ele” (que seria você ali presente), usam o “eu” – asseverou John Charles Carcanhádigrillis o advogado que, por muitos, mas muitos anos mesmo, fora procurador jurídico do então prefeito (quase imperador) Jarbas, o caquético extremamente testudo, à Lurdona Tonn Inn que, com seu marido Hein Hiquedemorais, consultava o causídico no seu escritório naquela tarde de quinta-feira.

O advogado estranhara a atitude do Senhor Hein Hiquedemorais que se negara terminantemente a sentar-se logo que chegara ao gabinete.

- Não. Fico de pé mesmo - respondera o consulente aos insistentes pedidos do causídico para que se sentasse.

- Sabe o que é seu doutor, meu marido sofre com uma hemorróida inflamada e segundo o nosso médico, a bichinha instalada há muito tempo no fiantã dele, está protrusa, por isso nem pensar em sentar – adiantou-se Lurdona justificando a atitude provavelmente considerada antipática do marido.

- É, mas podem usar também qualquer outro substantivo no lugar do pronome “ele”. Ou trocar o nome da pessoa presente por doutra ausente – continuou Hein Hiquedemorais parado ali de pé, num canto do escritório, como se fosse um vaso de cimento branco, com espadas de São Jorge, nele fincadas.

- Mas veja só que interessante, como funciona a cabeça dos sacripanta: os defeitos, os erros e os equívocos deles (sacripantas) são atribuídos aos antipatizados, enquanto que as vitórias, sucessos e feitos daqueles (antipatizados) de quem eles não gostam, são narrados como se fossem deles, os hereges odientos. Pode isso seu Hein? Pode isso dona Tonn Inn?

Nesse instante, o interfone tocou. O advogado atendendo soube que eram mais duas outras pessoas solicitando consulta.

- A senhora dona Luisa Fernanda, a gerente administrativa do Banco UN (Usura Nacional), juntamente com seu esposo Dr. Célio Justinho, desejam fazer parte da reunião – comunicou o advogado aos presentes.  

- Ah, sim, seu doutor, são minha filha e genro. Permita que entrem – falou Hein Hiquedemorais tossindo com a boca fechada logo depois dum acesso de soluços. “pena que não posso peidar aqui, se não, arreliava já, meu amigo” – pensou timidamente o seu Hein Hiquedemorais.

Ao entrarem Luísa, tomada por uma sofreguidão inusual, foi falando aos jorros:

- Gente, boa tarde. De quem é aquele Poodle branco, emporcalhado que estava tendo acessos de epilepsia bem ali no estacionamento do escritório, justamente quando chegamos?

- É um Poodle Toy banquinho, mas que está com os pelos compridos e sujos? – quis saber o advogadão.

Depois da confirmação do casal recém-chegado Carcanhádigrillis completou:

- É um cão vadio, vagabundo. Ele gosta de lamber a boca dos bêbados caídos nas calçadas. Ele prefere os que dormem defronte a padaria Broa de Mel. Conhecem? Fica bem aqui pertinho. O bicho passou a ter acessos depois de se empanturrar com as babas dum pinguço sofredor desse mal epiléptico.

A temperatura na sala aumentava quando então o profissional aplicador do Direito, levantou-se ligando o ar condicionado. Vendo a secretária que, abrindo a porta anunciava a chegada da vovó Bin Slave Latem a mais terrível, temidíssima estrategista das guerrilhas, quizilas, mal-entendidos, confusões, rixas, desordens, fuxicos, fofocas e destemperos existentes entre os moradores do bairro Vila Dependência, sentiu ele, o advogado, um arrepio de medo que lhe eriçou os pelos todos do corpo.

- Ah, é a Bin Latem? Pode mandar entrar dona Bruna, faça o favor.

A vovó foi entrando com passos lentos que lhe permitiam o excesso de peso.

- Boa tarde meu povo. Boa tarde minha gente. Tudo bem com vocês todos?

- Tarde vó – responderam os presentes numa só voz.

O pessoal foi se afastando, dando passagem, para a nona que vinha balançando a peitama e o bundão imensos, dum lado pro outro.

- Gente, estou tão cançada... Essa pandemia... Esse calor... Credo!   Mas é o seguinte pessoal – começou a falar a majestosa figura: - Vocês se lembram daquela menina, meio maluquinha, que tem uma lanchonete vizinha da casa dela e que num dia desses, avançando a placa pare, invadindo a via preferencial dum velhote, o atropelou mandando-o pra Santa Casa por 20 dias?

Diante do sinal positivo feito com um meneio de cabeça de todos os presentes a antiga e obesa pessoa (funcionária pública aposentadíssima de longa data) continuou:

- Então... O pai e o namorado dela gastaram uma baba preta de honorários de advogado pra provar que ela estava certa, que na verdade quem tivera culpa pelo acidente fora a própria vítima, que deveria frear sua bike antes de chocar-se contra o fonfom dela, mas apesar disso tudo a infeliz sente-se muito culpada e toda vez que ouve uma buzina, uma acelerada mais forte das viaturas que passam na rua, defronte a sua casa, a pandega passa tão mal que pensou até em tirar a própria vida. Portando eu estou aqui pra gente bolar uma simpatia a fim de que a meliante atropeladora, que invadiu a preferencial alheia, deixe de se sentir tão miseravelmente culpada e doente. Vocês têm alguma ideia?

Lurdona Tonn Inn levantou o dedinho indicador da mão direita como se fosse uma criança da sala de aula do curso de alfabetização do grupo escolar dizendo:

- Gente, é muito fácil. Essa cretina não parou onde deveria parar não é verdade?

A maioria respondeu positivamente.

- Então... - continuou a esposa do eclético, famoso, riquíssimo, ganhador da sena milionária, Hein Hiquedemorais amante das maminhas e chuletas dos churrascos dos finais de semana na borda da piscina de águas turvas – É só a gente colocar ela parada numa esquina, mesmo sentada e, quando vier alguém ela ao invés de levantar-se e passar na frente dos outros deve esperar pelo menos a passagem de no mínimo umas 10 pessoas. Eu disse dez pessoas entenderam?

- Nossa, que sacada de gênio dona Lurdona. Se fosse o final duma partida de tênis, no torneio de Wimbledon, a senhora  venceria fácil, fácil.

- A gente “fazemos” o que podemos. A gente não “fazeria” mais e melhor por falta de incentivo do governo – disse tomada pelo orgulho, toda cheia de si, a velhota baixinha.

E assim foi feito. De um jeito ou de outro, convenceram a doidíssima imprudente, negligente e imperita motorista meliante, atropeladora de velhinhos corocas, a ficar parada durante os 10 terceiros domingos de cada mês, numa das esquinas de sua casa, por pelo menos, três horas seguidas, esperando que 10 pessoas passassem à sua frente.

Gelino Embrulhano, Zé Laburka, Donizete Pimenta, Dani Arruela e Delsinho Spiroqueta, quando desciam a pé, numa ensolarada manhã de outono, pro centro da cidade, ao passarem por aquela moça idiotizada, sentada na mureta baixa da casa da esquina, simulando falar ao celular, tendo nas pontas das guias dois vira-latas, não deixaram de comentar o fato de que ao longo do reinado do Jarbas, Tendes Trame, Zé Lagarto, Vovó Bim Latem, Fuinho Bigodudo e Marina Baldwin, nunca houve uma proliferação tão grande de insanos durante toda a história de Tupinambicas das Linhas.

 

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Dezembro 13, 2019

Fernando Zocca

 

 

Antes do advento da Internet, e os sites pelos quais o cidadão pode, em tese, resolver seus problemas com a administração pública, quem tivesse embaraços relacionados a esse setor, deveria comparecer pessoalmente nas repartições originárias das quizilas.

E não era nada incomum o camarada, na posse dos enguiços, dirigir-se à primeira repartição que lhe surgisse pela mente e despejar no funcionário os problemas que lhe atormentavam.

Também nunca foi esquisito ver dezenas de contribuintes sendo direcionados aos locais onde supostamente seus problemas seriam solucionados.

Pensemos um pouquinho: o setor de alvarás, por exemplo, ficaria no terceiro andar do prédio da administração. O local onde os fiscais de obras se reuniriam pelas manhãs, no momento, estaria no segundo andar. Lá o cidadão que teria iniciado uma construção, ou reforma, sem o atendimento dos preceitos legais poderia regularizar o destempero construtivo.

Estaria mal direcionada, mal informada e, por que não, doidinha da silva, a pessoa que, tendo complicações decorrentes duma cirurgia mal feita, fosse queixar-se ao chefe do Departamento de Obras Particulares.

O entendimento comum, alicerçado na lógica e no bom senso, faz-nos pensar que, por exemplo, se não deu nada certo aquela cirurgia eletiva, o agente a ser questionado seria o responsável médico.

Então os sofrimentos - dores e inflamações - provocados pela possível imperícia, imprudência ou negligência, poderiam ser minimizados com os procedimentos que o burocrata, chefe de seção, não teria.

É certo também que não seria nada raro os responsáveis pelos deslizes danosos, causadores de muito sofrimento, desviarem o fluxo das acusações para as atitudes de quem estaria longe, bem alheio aos comportamentos no setor.

A mocinha que deseja dirigir veículos automotores deve procurar nas auto-escolas, e não nos depósitos de lixo reciclável, ou nos bares onde funcionariam bancas do jogo do bicho, as instruções de como proceder para habilitar-se na condução.

Mas se ela não tem leitura, desconhece as letras e não pode orientar-se pelas instruções escritas, então dificilmente obterá a licença.

- Impressionante! Vai que essa incauta tente dirigir um carro e, por absoluta burrice, atropela alguém causado-lhe lesões corporais graves – ponderava, com razão, o velhinho que tinha por hobby restaurar bicicletas antigas e bem arruinadas.

 

Setembro 25, 2019

Fernando Zocca

 

Cirurgia.jpg

 

Com uma lesão gravíssima na perna esquerda, resultado da colisão no trânsito, afastei-me por algum tempo dos meus Blogs.

As alterações metabólicas que ocorrem no corpo não só nos tiram da rotina costumeira como também induzem mudanças comportamentais em praticamente todos os componentes do grupo familiar.

Sem a autonomia proporcionada pela função normal dos membros inferiores, dependemos do amor e da boa vontade dos familiares.

Então o ato simples de sairmos da cama para, por exemplo, um deslocamento ao banheiro, requer o auxílio de quem possa ajudar com a cadeira de banho.

Depois de algum tempo, aprendendo a pilotar as muletas, a independência nos permite dispensar os empurrões dos de boa vontade.

A cirurgia a que nos submetemos foi doloridíssima. Foram 10 dias de sofrimento intenso causado pela aplicação de um equipamento conhecido como “gaiola” na tíbia esquerda.

- Eh, Zocca, ocê não é passarinho, mas também arrumou a sua jaula – comentou um colega que me visitou durante a internação na Santa Casa.

Foram inúmeras as injeções a que me submeti. Um camarada, colega de quarto, que também estava internado, com um gesso imenso na perna direita, quando eu comentei sobre a quantidade de medicação recebida nas veias dos braços ele disse:

- Comigo também foi assim. As enfermeiras faziam fila na porta do quarto, cada uma com uma vazilhazinha contendo três ou quatro seringas cheias de remédios. Isso sem falar naquelas bolsas de soro que ficam penduradas ao lado da cama. Se você não sarar do machucado, pelo menos sai um pouquinho mais fofo com tanto líquido.

Depois da retirada daqueles ferros todos o sofrimento maior aconteceu com a retirada dos pontos.

- Ah, meu Deus!

Ainda bem que estas fases todas passaram. Agora estamos no momento da fisioterapia. Uma característica marcante desse instante é também a de suportar a dor. Os movimentos objetivam a obtenção das funções normais do membro atingido.

Os obnubilados não deixam de ver nos fatos desse tipo certo castigo, alguma punição:

- Alá, tá vendo? Não parou com aquela folia de andar pra cima e pra baixo com a moto? Agora aguente...

Acidentes fazem parte do trânsito. Mas muitos poderiam ser evitados se os condutores fossem habilitados, estivessem sóbrios e gozassem das plenas faculdades mentais.    

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