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O Prato do Dia

O Prato do Dia

Agosto 31, 2016

Fernando Zocca

 

 

Milhares de pessoas dizem ser o Eduardo Cunha um criminoso. Ainda que pese o fato dele ainda ter a seu favor a possibilidade da decisão de improcedente do pedido de cassação do próprio mandato, o fato é que, dizem, nada justificaria suas contas na Suíça, que não fosse o cometimento de crime de lesa-pátria.

Eduardo Cunha agiu da mesma forma que o Judas Iscariotes, Joaquim Silvério dos Reis e centenas de outros cabrões traidores.

Tendo ele, na condição de presidente da câmara dos deputados, recebido o pedido de impeachment contra sua aliada, tentou a obtenção dos votos dos integrantes do PT, contra o processo disciplinar instaurado, por adversários, em decorrência da sua conduta ilícita de ter mentido, sobre ter ou não, conta bancária na Europa.

Não obtendo a proteção petista, Eduardo Cunha recebeu o pedido de cassação do mandato de Dilma Rousseff.

A petição inicial foi elaborada por um integrante do tribunal de contas da união, tendo logo em seguida recebido a assinatura da advogada Janaína Paschoal.

Quando frequentávamos a faculdade, aprendendo sobre a ciência jurídica, éramos nós mesmos que fazíamos as nossas provas.

Durante o tempo todo em que exercemos a advocacia, éramos nós mesmos os responsáveis pelas peças processuais com as quais representávamos os interesses dos nossos constituintes.

Nunca ninguém foi instado a fazer para nós os trabalhos confiados à nossa responsabilidade por força dos mandatos judiciais.

Seria mais vergonhoso ainda se, na condição de professor de matéria jurídica, dependêssemos das opiniões de terceiros para a formulação das peças processuais.

Mas, perceba que a sanha preconceituosa contra a mulher presidente é tamanha que nem mesmo o fato de que os deslocamentos do numerário do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal terem sido feitos antes de eles serem considerados ilegais, convenceu a câmara dos deputados que não eram irregulares.

Se esse impeachment não prova o grau de imaturidade do político de mediana inteligência, pelo menos nos autoriza a acreditar numa relativa melhora dos modos de como se usurpa o poder.  

Trocando o tipo do Artigo 157 pelo do 171 do código penal podem o PSDB e o PMDB chegar agora ao lugar político de destaque, não logrado antes, pelas urnas, há mais de 20 anos.

Nada pode fazer esse governo golpista, e usurpador, que não faria o destituído.

Com mais esse acontecimento político evidencia-se o fato de que o script da presidência republicana repete-se ciclicamente. Da mesma forma que na transição da colônia para império, e deste para a república, o povo assiste a tudo boquiaberto, como a um espetáculo circense-político, que transcorre de forma tão escandalosa e desinteressante.

Brigam os golpistas pelo poder como os cães pelos ossos do cadáver insepulto.

 

Agosto 19, 2016

Fernando Zocca

 

 

Ademar Pereira de Barros.jpg

 

Quem se interessar em conhecer a gênese da fortuna de alguns integrantes, de partidos políticos piracicabanos, não estranhará ao saber que os bens materiais, hoje na posse deles, foram antes adquiridos por parentes também eleitos pelo povo.

Desta forma é bem mais sensato crer que a propriedade da multidão de imóveis situados nas ruas centrais da cidade tenha tido a sua origem nas verbas do executivo e legislativo do estado do que sendo fruto do salário de professor de cursinho universitário.

Esse acúmulo de bens imóveis proporciona situações favoráveis, próprias e para os correligionários, à eternização nos cargos eletivos.

Então você testemunha o sujeito e seus seguidores, por décadas a fio, ocupando os postos de comando eletivo da cidade. Nesta situação não haveria, em tese, qualquer chance de mudança.

O lema dessa gente é: “rouba, mas faz”. Ademar Pereira de Barros (foto) era um deles.

Admirador dos governos federais dos paulistas Washington Luis e Júlio Prestes, o primeiro deposto e o segundo impedido de assumir a presidência por Getúlio Vargas, em outubro de 1930, Ademar Pereira de Barros aliou-se às forças de São Paulo, revoltosas que buscavam a revanche em 1932.

Derrotado, Ademar refugia-se no Paraguai e depois na Bolívia.

Passado o transe revolucionário é nomeado interventor do Estado de São Paulo pelo próprio ditador Getúlio Vargas.

Inicia-se ai o que muitos considerariam o nascedouro de uma fortuna imensa cristalizada em centenas, se não milhares, de imóveis na cidade de Piracicaba.

Eleito prefeito de São Paulo, as crises não deixariam de ensejar ocasiões para a nutrição da carteira e contas bancárias próprias em detrimento do tesouro público.

Depois de prefeito foi eleito deputado estadual, e até governador do Estado de São Paulo.

Em 1956 um escândalo semelhante a esse conhecido como o das sanguessugas, onde os envolvidos superfaturavam os preços das ambulâncias, provocou a maior comoção nacional.

Se nesse caso recente o móvel dos crimes eram as ambulâncias, naquele do doutor Ademar (ele era médico), o objeto do ilícito eram os caminhões da empresa Chevrolet.

O governo precisava comprar caminhões para a força pública (hoje a instituição se chama polícia militar) e o esquema de superfaturamento foi instaurado gerando muita riqueza e também perseguição.

Ademar de Pereira de Barros, nascido em Piracicaba faleceu, riquíssimo, em 17 de março de 1969 em Paris.

Seus herdeiros, nas prefeituras, câmaras municipais, seguindo os esquemas do grande líder não deixam nunca de superfaturar as desapropriações feitas pelo poder público.

Para você que está desempregado, anda a pé pelas ruas, passa fome, vê carência nos atendimentos dos postos de saúde, na segurança da cidade, no ensino público, talvez sirva de consolo saber que não é bem por culpa sua, vagabundagem, que isso tudo acontece.

Talvez conforte a sua consciência conhecer o fato de que os tais que aí estão hoje, se não roubassem o que tanto roubaram, não teriam o que têm.

 

Janeiro 23, 2016

Fernando Zocca

 

 

 

A palavra italiana “rossi” quer dizer vermelho, fulvo, do mesmo jeito que o é o cabelinho da espiga do milho, o cobre (cujo símbolo é Cu) com que são feitos os fios, os cabos elétricos, e é a matéria prima da qual o Chile é um grande produtor.

O vermelho também é a cor do sangue, que ruboriza a face, quando numa reunião, aquele chato não te deixa falar, interrompendo-o a todo momento, ou impedindo-o de se manifestar.

Vermelho você fica também com a repreensão por preencher erradamente o livro contábil da pequena empresa de reparos e comércio de rádios, TVs, gravadores e eletrolas, de propriedade dos seus primos, e ao tentar reparar o equívoco, diante do dono irado, causa os maiores borrões e a ruptura das páginas.

Quente e vermelhíssimo você não deixa de se perceber, ao receber o maior tapa no rosto, depois de ser perseguido por alguém que se identifica como o dono da oficina autoelétrica, que o acusa de furto, quando na verdade não se apropriou de nada alheio.

Indignado você também se sente quando políticos da sua cidade, desejando mais uma reeleição, sugerem aos seus eleitores, que têm poder para prejudicá-lo ou expulsá-lo da sua terra.

Ressabiado você fica quando depois de visitar, a convite, uma meninazinha deficiente que, com a boca sempre aberta e a língua pra fora, babava sem parar, mostrando as bolhas salivares que lhe escorriam pelo peito, percebe que andaram dizendo, pela vizinhança, que você tirou o maior sarro da pobrezinha.

Bem chateado você não pode deixar de se sentir quando, quase meio século depois, percebe que foi vítima duma armadilha em que, num preparado “boa noite Cinderela”, foi instigado implacavelmente a vociferar contra Deus e a todo o mundo.

Os caciques políticos, os coronéis retardatários da cidade, querem a sua pele? Eles só conseguem a manutenção da credibilidade e os cargos eletivos depois da sua “crucificação”?

O que pensaria, a sua ilustre pessoa, do grupo partidário que sabendo ser você casado, ajeita-lhe uma “namorada”, supondo que dos seus males estaria a ausência do “amor”?

Não é bom exagerar, mas do jeito que estão as coisas, não erraria quem garantisse que político bom é o político morto.

 

 

 

 

 

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